sábado, 9 de junho de 2007

I.A.01 - “Vou te tirar da casa de teus pais e te farei morar só”

Ele me tirou da casa de meus pais exatamente 08 meses depois desta virgilia. Vou contar como isso aconteceu...

Após uma briga familiar, por motivo de pensão alimentícia, minha mãe para pressionar meu pai e dar mais dinheiro, mandou meus dois irmãos menores pra fora de casa, para irem atrás dele. Meu pai na ocasião estava viajando e não tinha como falar com ele, já que nesta época não existiam celulares.

Explicamos a ela isso, mas ela com raiva não quis nem nos ouvir, devo explicar que meus irmãos tinha respectivamente em torno de 13 e 08 anos de idade. Pedi a ela que me enviasse atrás de pai e não ele dois pequenos, mas ela disse que eu não daria trabalho a ele e que, portanto, não era escolhida para isso. Pois bem, ela arrumou a mala de meus irmãos e os colocou pra fora de casa.

Depois que os vi saindo, fiquei muito brava, a acabamos discutindo, porque achei sua atitude irresponsável, e disse isso ela. Então ela com muita raiva de mim trancou-se em seu quarto.

Quando percebi que não tinha forma de remover da cabeça de minha mãe aquela idéia absurda, resolvi acompanhá-los por conta própria. Foi então que peguei uma mochila, coloquei duas mudas de roupa, peguei uns poucos trocados e fui atrás deles, mas infelizmente era tarde demais e não os encontrei mais na rua de casa.

Parei e pensei onde eles poderiam ter ido já que meu pai não estava na cidade. Lembrei de um amigo de infância e de sua família, nosso amigo “R”, tinha mãe advogada e pai italiano proprietário de uma famosa pizzaria foi até eles, acreditando que acharia meus irmãos lá. Mas quando cheguei pra minha surpresa não estavam, mas a mãe de R estava lá de saída para o trabalho, quando contei a ela o ocorrido, imediatamente ela cancelou seus compromissos e me levou no automóvel dela na casa dos demais amigos nossos onde eles poderiam estar. Em nossa busca desesperada, não os encontramos em lugar nenhum e faltava apenas mais uma pessoa a ser visitada.

Foi quando passando na frente da Praça da Republica de minha cidade natal, avistei meus irmãos, sentados em um banco da praça, já era noite e eles choravam copiosamente, sem rumo e prontos para dormir ali mesmo, porque não sabiam para onde ir.

A mãe de R nos levou os três irmãos, para a casa dela. Conversou com o marido, e o casal, já cansados de nos ver passar por tudo aquilo desde bem pequenos decidiram que iam entrar na justiça para pedir a nossa guarda provisória, até que algum parente nosso se prontificasse a ter nossa guarda definitiva. E assim o fizeram, e todos mais uma vez fomos para o juizado de menores, e daí meu pai já havia retornado a cidade, minha mãe já tinha voltado atrás, e a confusão estava instalada.

O juiz de menores decidiu mediante comprometimento de meu pai, que ficaríamos os três irmãos morando juntos em um apartamento que havia sido deixado na partilha de bens para meu irmão, ficaríamos sob a guarda de meu pai e sob os cuidados de uma governanta. Detalhe, minha mãe morava no referido apartamento e ela teria que sair dele para que isso pudesse ocorrer. Foi quando ela esbravejou com o juiz de menores, desacatando a autoridade, e gritou para meu irmão: “se vc for morar com suas irmãs se considere sem mãe para o resto de sua vida”. O juiz ouviu, todos ouviram, foi muita gritaria, e isso tudo no fórum da cidade. O Juiz então disse se acalmem, existem crianças presentes e amanha voltamos a conversar, já com definições.

Retornamos então para a casa de nosso amigo R, seus pais conversaram conosco e acharam por bem que nos três chegássemos sozinhos ao que queríamos fazer.

Nos trancamos em um quarto da casa para conversar, e antes que eu pudesse falar qualquer coisa, meu irmão me disse: “vou voltar pra casa da minha mãe e vou levar nossa irmã menor comigo”, eu lhe perguntei e eu? Ele me respondeu “não pedi pra você sair de casa para lutar por mim, se vira!”. Então, totalmente decepcionada com o que acabara de ouvir, argumentei, você tem noção do que está fazendo? Você está me deixando na rua, está levando a força nossa irmã caçula que não quer mais voltar, e vai levar pra cima de você mesmo toda a fúria que a mamãe antes descarregava em mim, foi então que ouvi coisa ainda pior, ele me disse “ela briga com você, porque você é burra, você tira notas baixas na escola, comigo vai ser diferente, eu sou inteligente e ela me ama”, então depois disso eu não consegui dizer mais nada.

Eu era apenas uma garota de 17 anos, com lar destruído, sem pai pra me apoiar porque minha madrasta era mais importante, sem mãe pra me apoiar porque esta só pensava em dinheiro e agora também sem irmãos. No dia seguinte, meu irmão pegou pelo braço minha irmã caçula a arrastou ela para casa da mamãe, ela chorava e me implorava pra eu não o deixarele fazer isso com ela, mas eu pensei: “vamos ficar as duas na rua?”. Eu não tinha para onde levar minha irmã. E eles foram embora.

Eu já sozinha e sem casa fiquei com a família de meu amigo R, arrumei um emprego, porque meu pai não ia mais me sustentar, ate que um belo dia meu pai por ciúmes do pai de R que me tratava como sua filha, resolveu me tirar de lá. Ele me colocou para morar com uma tia, irmã dele, numa região bem afastada da cidade onde eu tinha que andar quilômetros para pegar ônibus para o trabalho e vice-versa. Até que certa vez eu não fui trabalhar, porque adoeci e não consegui levantar, então meu pai decidiu me por em um pensionato só para mulheres mais próximo do meu trabalho, e foi uma das piores experiências que tive, foi tão ruim que não suportei e mudei para o escritório de meu pai.

Quando me vi sozinha morando num lugar que era em cima do escritório de meu pai, foi então que me dei conta que todo aquele “reboliço” se deu para se cumprir o que o Senhor falou: “Vou te tirar da casa de teus pais e te farei morar só”.

Nenhum comentário:

Postar um comentário